Atenção: pet castrado precisa de dieta especial

Donos de pets gordinhos já sabem: a obesidade não é um problema exclusivo de humanos. Segundo a Associação para a Prevenção de Obesidade em Pets (APOP), nos Estados Unidos, 53% dos cães e 55% dos gatos estão acima do peso ideal. E por aqui não é diferente, sobretudo com pet castrado.

Para a maioria dos tutores, a castração de cães e gatos continua sendo culpada pelo ganho de peso dos pets. Para os que ainda não castraram seus animais, o medo do sobrepeso “pesa” na hora de decidir pela cirurgia. Contudo, além dos benefícios da castração (como redução do risco de doenças, fim dos cios ou gestações indesejadas, diminuição de hábitos de marcação de território e maior expectativa de vida), deve-se saber que o peludo pode, sim, se manter no peso ideal.

Ainda que a obesidade possa ser relacionada a fatores do próprio animal (como genética, idade, raça, doenças, uso crônico de medicamentos e sedentarismo), ela também pode ser causada pelo comportamento dos tutores. Oferecer alimentos em excesso e petiscos fora da dieta, compartilhar a alimentação da família e não proporcionar exercícios são alguns exemplos que podem estimular o ganho de peso de um pet castrado.

ANTES DA CASTRAÇÃO

Segundo Yves Miceli, médico veterinário e especialista em nutrição animal, o cão ou gato pode ser considerado com sobrepeso se estiver com 15% acima do seu peso ideal. Para se ter uma ideia, para um animal de 10 quilos de peso ideal, o sobrepeso tem início a partir dos 11,5 kg.

“Mesmo convivendo com os mascotes todos os dias, ainda é muito difícil para tutores de pets obesos entenderem que têm um problema em casa e que animais ‘fofinhos’ não são saudáveis”, explica.

Mas por que a castração faz o pet engordar?

Porque ocorre uma redução em seu metabolismo, ou seja, o modo como o corpo transforma as calorias em energia fica bem mais lento. Sendo assim, é fundamental que os donos saibam disso para que possam preparar os peludos para as mudanças da cirurgia.

SEM SOBREPESO

Para Carla Maion, veterinária e nutricionista, a troca da alimentação e a prática de exercícios regulares devem iniciar meses antes da castração. “Quando não é feito um ajuste da ingestão de calorias diárias, bem como do manejo com atividades físicas, a tendência é que o animal ganhe peso”, afirma. “A maioria dos tutores não tem essa orientação e espera os animais chegarem ao sobrepeso para procurar ajuda”, observa.

Entre os inconvenientes do sobrepeso estão a dificuldade respiratória (ronco), problemas de locomoção como subir escada e correr, dores na coluna e nas articulações, diabetes e hipertensão. Em gatos é comum que ocorram também acúmulo de gordura no fígado e doenças no trato urinário.

Os fatores que contribuem para o sobrepeso são os mesmos para cães e gatos e independem do sexo do animal, já que machos e fêmeas têm a mesma propensão a engordar.

Isso acontece nessa fase pós-esterilização nas duas espécies. “Os gatos são naturalmente menos ativos, dormem bastante e se exercitam pouco e, com a castração, passam a ser mais ainda preguiçosos. Já os cães podem ser levados por seus tutores para passear e se exercitar”, explica Carla. Por isso, tutores de felinos precisam tomar cuidados a mais para mantê-los em forma .

Não tem fórmula mágica: para o mascote não engordar, ele precisa comer bem e se exercitar. Em um estudo realizado em 2015 pela Weight Management Clinic em parceria com a Royal Canin e a Universidade de Liverpool, 97% dos pets perderam peso depois de ingerir menos calorias e se exercitar.

SEM PASSAR FOME

Um dos principais motivos que levam os donos a desistir do controle do peso é acreditar que o animal está sempre com fome. Mas, assim como os humanos, os animais podem entrar em dieta sem passar privações, principalmente se ainda não estiverem obesos.

Para isso, a solução não é diminuir a quantidade de alimento oferecida, mas sim restringir a quantidade de calorias ingeridas diariamente. Ou seja, optar por alimentos que tenham menos caloria por grama de produto, incentivando o pet a comer o mesmo volume e se sentir saciado da mesma forma que antes. Essa estratégia usa um teor maior de fibras e menor de gorduras e tem como objetivo impedir o ganho de peso, e não necessariamente promover o emagrecimento imediato.

Já na alimentação natural, a forma mais comum de se obter saciedade sem aumentar as calorias é por meio da ingestão maior de água. “Por si só, a dieta caseira cozida tem em torno de 60% de água na composição e isso já auxilia bastante. Além disso, a refeição deve ter um teor menor de gorduras e maior de fibras, bem como incluir fontes de carboidratos complexos, como batata doce, por exemplo”, explica Carla.

QUANDO ELE RECUSA

Caso o seu companheiro peludo não aceite bem a mudança de alimento, algo comum, o tutor pode continuar a oferecer a dieta habitual com um volume menor de grãos, contanto que o alimento seja premium ou superpremium. E sempre com orientação do veterinário.

O que se deve evitar são rações ricas em gorduras ou hipercalóricas. Por serem muito palatáveis, muitas vezes o animal de estimação tende a ingerir um volume maior que o necessário. “Quando restringimos o valor calórico com esse tipo de comida, a refeição pode não saciar o pet”, esclarece a especialista Carla. Além de desbalancear totalmente a dieta, isso pode fazer com que o seu peludo busque outras fontes de alimento em casa ou na rua (lixo, restos de comida e fezes, por exemplo).

Fonte: Revista Meu Pet

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